quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pique-Esconde

Este é um jogo que eu fiz em 2004, inspirado na famosa brincadeira pique-esconde, ou esconde-esconde, como alguns chamam.

Na verdade é uma versão mais atual de um jogo de 1982 do Atari, chamado Sneak n' Peek, que é um jogo de pique-esconde, só que com aqueles gráficos esquisitos do Atari.

A minha versão tem musiquinha, gráficos mais bonitos, mas a dinâmica do jogo é basicamente a mesma. São dois jogadores, um vai controlar aquele que procura (P1) e o outro aquele que esconde (P2).

Enquanto o P2 esconde, o P1 deve virar as costas para não ver onde é o esconderijo. Por limitações da plataforma que eu usei, a tela só desloca quando o P1 mexe, então o P2 deve mexer o P1 também para esconder, se não ele não vai ver seu próprio personagem se movendo. Depois de esconder, ele volta o P1 para o anjo no início da fase, e a busca começa.

O objetivo do P1 é pegar o P2. O objetivo do P2 é chegar até o anjo sem ser pego. Só!

Os controles são um pouco confusos no início. Os dois jogadores usam o mesmo teclado, e o P1 deve sentar à direita do P2. O P1 usa as setas para mover, e o botão enter para pegar o P2. O P2 usa os números de 1 a 6 da esquerda do teclado. Os números de 2 a 5 servem para mover, e são equivalentes às setas (como mostra a figura). O botão 1 serve para bater no pique quando chegar no anjo, e o 6 serve para encher o saco do P1.

É um jogo muito simples, mas eu acho divertido!

Download Pique-Esconde

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Detecção de mentiras: minha primeira pesquisa

Esta é uma pesquisa que desenvolvi no meu estágio curricular do curso de Psicologia, em 2004, junto com meu orientador Cristiano Coelho. Publicamos um artigo em 2009 fazendo o relato do estudo. Você pode ler o artigo na íntegra fazendo o download do Scielo:

Contando e detectando mentiras: efeito do feedback sobre o desempenho
Psicologia: Teoria e Pesquisa
Jan-Mar 2009, Vol. 25 n. 1, pp. 137-145
http://www.scielo.br/pdf/ptp/v25n1/a16v25n1.pdf

Vou aproveitar o blog para falar um pouco mais informalmente sobre a pesquisa.

Muita gente me pergunta por que eu decidi pesquisar mentiras, como se eu tivesse algum tipo de afinidade com o assunto, mas a verdade é que meu interesse inicial não tinha nada a ver com isso. Tudo começou quando, em uma disciplina do curso de Psicologia, a gente ouviu sobre um estudo que usava uma técnica para ensinar pessoas com diabetes a discriminar o índice glicêmico do próprio corpo através da percepção de sensações corporais, sem uso de aparelhos. Aliás, aparelhos foram usados no treino, mas a habilidade discriminativa final não necessitava de aparelhos. Tendo passado pelo treino, essas pessoas conseguiam, simplesmente observando o próprio corpo, dizer se sua glicemia estava alta ou baixa.

A técnica de ensino é muito simples, e muito comum em psicologia, e chama-se treino discriminativo. A pessoa deve tentar perceber a presença de um estímulo, e de alguma forma apontar sua percepção (como dizendo "sinto que minha glicemia está baixa", ou apertando um botão). Se ela acertar é recompensada, se não acertar, não é. A técnica é simples, e o restulado esperado é que com o tempo a pessoa só aponte a presença do estímulo quando ele de fato estiver presente... ela aprende a discriminar o estímulo. A novidade desse estudo da glicemia, para mim, é que a técnica foi usada para treinar a percepção de algo que parece imperceptível, ou sutil demais para ser detectado sem o uso de algum tipo de instrumento ou aparelho.

Disso eu pensei "a detecção de que outras coisas aparentemente imperceptíveis pode ser treinada usando esse mesmo princípio?". A minha primeira idéia foi "detecção de mentiras", e foi pensando nisso que desenvolvi esse estudo.

A técnica que eu quis testar era: expor uma pessoa a uma seqüência de falas que podiam ser verdade ou mentira, pedir que ela fizesse julgamentos (tentar detectar as verdades e mentiras), e dar um feedback dizendo se a pessoa acertou ou não. Eu acreditava que com isso, com o tempo, a pessoa ia aprendendo a detectar mentiras. Não sei exatamente o que acontece durante essa aprendizagem... talvez o detector observa o comportamento do suposto mentiroso, percebe alguns sinais, julga se eles são ou não indicativos de mentira, e o feedback funciona como uma correção. Faz sentido, certo?

A premissa do estudo é simples assim, mas o demônio está sempre nos detalhes. A maior dificuldade foi bolar um procedimento capaz de envolver todos esses elementos: um número grande de falas que podiam ser verdade ou mentira, sendo que as mentiras pudessem ser objetivamente atestadas pelo pesquisador (ou seja, não podia ser uma mentira sobre a vida ou os gostos pessoais de quem a conta), estruturar algum tipo de feedback que também funcionasse como fator motivacional, etc. Fiquei razoavelmente satisfeito com o que a gente construiu.

Quanto aos resultados... bom, tanto o meu estudo quanto outros estudos da área dão evidências de que treinos com feedback podem melhorar a detecção de mentiras, sim. A grande complicação está no fato de que os sinais de mentira são muito sutis, idiossincráticos, e circunstanciais. Ou seja, não existe uma luzinha que acende sempre que a pessoa mente, nem um nariz que cresce, e por não haver um sinal único e claro, é muito complicado treinar alguém a detectar mentiras, ou sinais de mentira. É uma área de investigação científica muito complexa, e estou tentando dar minha contribuiçãozinha com pesquisas.

Meu mestrado também foi sobre detecção de mentiras, mas foi um estudo completamente diferente. Em outro momento vou falar sobre ele.